Por Manuel Carlos
Correio Popular
 
Diariamente recebo ligações dos insuportáveis serviços de call center querendo que eu compre ou contrate alguma coisa que não tenho a menor necessidade ou interesse. São uns chatos, que telefonam nos horários mais inconvenientes e iniciam a conversa perguntando coisas a meu respeito que não são da conta deles.
Na internet acontece exatamente a mesma coisa e minha caixa de mensagens fica abarrotada de propaganda e informações totalmente inúteis.
No meio daquele lixão todo, ainda que seja raro, chega uma piada ou outra de bom gosto. Na semana passada, por exemplo, uma delas contava que Lula disse em uma entrevista, que no PT não havia desonestos. Um repórter mais afoito o teria desafiado: — O senhor teria coragem para escrever e assinar essa afirmativa?
— É pra já, respondeu Lula. Tomando emprestada a caneta do jornalista, escreveu: no PT não há dez honestos!
Gostei da piada e passei adiante, mas ao contá-la a um colega de trabalho, que riu muito, estendi o papo perguntando-lhe se já sabia em quem iria votar nas próximas eleições. A resposta foi surpreendente, dizendo-me ele que estava em dúvida. Não havia decidido ainda porque não queria perder o seu voto.
Alguns eleitores vão para as urnas como se fossem para o Jockey Club. Escolhem o candidato como escolhem o cavalo em que vão apostar e só apostam no favorito ou no azarão com muita chance.
As pesquisas eleitorais funcionam para eles como o jornal do turfe para os apostadores e o principal critério da escolha é a possibilidade da vitória. O comprovante do voto é a sua pule e se o candidato em que votou não cruzar a faixa em primeiro lugar jogam o comprovante no lixo lamentando que perderam o voto, como se não houvesse um amanhã.
Para eles, mulheres rápidas e cavalos lentos sintetizam a desgraça indesejada, sendo incapazes de compreender que o preço de uma aposta no jogo político é pago, muitas vezes, por gerações.
Quando um pangaré ganha a corrida eleitoral, ao contrário do que acontece no turfe, quem apostou nele nada recebe de prêmio. O preço da aposta é altíssimo e será cobrado durante os próximos quatro anos. O desemprego, a falta de escolas, segurança, hospitais, moradia, enfim, coisas básicas necessárias para uma vida digna do cidadão, é o preço dessa pule.
O critério da escolha não pode ser o jornal do turfe, ou pesquisas eleitorais, porque a vitória que interessa ao eleitor é a de um governante sério, preparado e honesto, e não a de um já experimentado pangaré, que ganhou dopado a última corrida.
O eleitor que vota com consciência, examinando o passado do candidato, na política e fora dela, jamais perderá seu voto. Ganhando ou não seu candidato, terá exercido sua cidadania de forma plena e responsável, podendo orgulhar-se disso.
Perderá o voto se covardemente o anular, achando que isso é uma forma de protesto ou ainda, se votar, inconsequentemente, como se estivesse a apostar nas patas de um cavalo.
 
Fonte: www.correio.rac.com.br
 
Colaboração: Adilson Santos Soares, pelo facebook do Voto Consciente SP